O mercado de saúde é um campo amplo que possibilita diversas formas de inovação, principalmente com ajuda da tecnologia. Por isso o empreendedorismo é uma maneira de captar toda essa essência, além de tendências e mudanças da área, a fim de incluir melhorias e aperfeiçoamentos durante os processos. Devido à pandemia do coronavírus, surgiram muitas maneiras de empreender e promover novas possibilidades, especialmente na área da saúde.
Para entendermos melhor sobre o assunto e saber das novidades do mercado de empreendedorismo na saúde, conversamos com o cofundador do Clude, Marcio Mantovani.
Mariana Silva – Muitas pessoas já conhecem a sua trajetória, mas ninguém melhor para contar para quem ainda não te conhece do que você mesmo! Conta um pouquinho sobre a sua história e como surgiu o Clude. Como você chegou até aqui?
Marcio Mantovani – Eu trabalhava numa indústria, isso há 26 anos atrás. Quando sai, resolvi empreender, e em 1995 montei a Barela, uma corretora especializada em plano de saúde. Comecei esse negócio e a Barela se tornou a maior corretora de plano de saúde para pessoa física e pequenas empresas do Brasil em 2004 e nos mantivemos como líderes de mercado até 2015. Em 2014, um fundo inglês chamado Actis me procurou para que montássemos junto e consolidássemos algumas corretoras de vários segmentos para montarmos a It’sSeg. Fomos selecionados para fazer parte desse novo negócio e hoje sou sócio de lá. Fiquei na It’sSeg, a quinta maior corretora do Brasil em todos os ramos, com prêmios acima de 2 bilhões anuais, uma companhia muito grande. E eu permaneci na It’sSeg como diretor de varejo até 2017.
Em 2017, resolvi sair porque tinha um sonho para estruturar uma companhia que permitisse que as pessoas que não possuem plano de saúde pudesse cuidar da saúde delas da mesma maneira que as pessoas que tem muita condição fazem. O Clude surgiu da ideia de permitir que as pessoas conseguissem deixar a fila do SUS e cuidar da saúde de maneira fácil e rápida. […]
Mariana Silva – Desde meados de março o Brasil começou a enfrentar o coronavírus, que pegou a todos de surpresa. Tem sido meses de desafios e adaptações para as empresas, empresários e colaboradores. Os olhos se voltaram cada vez mais para as questões ligadas à saúde, para a prática de fazer exercícios, alimentação saudável e saúde mental. Quais os maiores desafios de começar um negócio relacionado a saúde, principalmente em um momento em que ela está tão em evidência?
Marcio Mantovani – O grande desafio é compreender a necessidade das pessoas. Esse é o primeiro grande desafio, na verdade. É que esse projeto [Clude] já vinha sendo desenvolvido antes da pandemia, e eu acho que ela trouxe para o nosso negócio em si, foi reafirmar aquilo o que a gente já havia desenhado, a necessidade e o quão importante era tudo o que a gente já tinha preparado para lançar o produto.
Mariana Silva – E por que você acha que as pessoas têm que empreender na área da saúde? Por que empreender?
Marcio Mantovani – Eu acho que tem muita oportunidade e o mercado de saúde é gigante. As pessoas estão envelhecendo e isso vai fazer com que cada vez mais a área da saúde se torne mais importante na vida das pessoas. Então eu penso que daqui para frente, em função da demografia, em função de tudo o que a gente tem visto gradativamente, a área da saúde vai se tornar relevante.
Mariana Silva – Como o mercado tem enfrentado os eventos recentes com a pandemia causada pelo covid 19?
Marcio Mantovani – Eu acho que o mercado está tentando se achar, a grande verdade é essa. Tem muita iniciativa boa surgindo e tem muita coisa que vai desaparecer pós-pandemia, que é meio que uma bolha. Então você tem várias health tecs surgindo, e que eu entendo que irão desaparecer, porque está muito mais ligado com a “bolha do momento” e muito menos com a estrutura de negócio de longo prazo. Então eu acredito que o mercado tem reagido bem, tem muita liquidez em função dos bancos centrais e mundiais e tem “aportado” tanto dinheiro. Por isso tem uma inundação de capital e isso tá fazendo com que algumas bolhas surgem nesse momento.
Mariana Silva – E como o mercado brasileiro em geral se comporta com as empresas de saúde que vão muito além dos planos partem para as iniciativas como o Clude?
Marcio Mantovani – O que acontecia até então, é que existia como na área bancária, somente os grandes bancos e houve uma disrupção e ter surgido várias empresas, várias fintechs, coisas interessantes e que de alguma maneira tem feito a área de bancos se reestruturar e se reinventar. Advento da XP, por exemplo, que eu acho que na verdade é um grande case da área bancária que está “desbancalizando” muita gente, assim como o Nubank tem feito, várias iniciativas grandes na área financeira.
E agora os olhos estão virados para a saúde, que é uma área muito pulverizada e os planos de saúde eram para poucas empresas. Existiam muitas empresas regionalmente, poucos players e agora está surgindo novas iniciativas e o Clude é uma dessas. Eu acredito que a gente com o tempo, tende a ver o que aconteceu no setor bancário e no setor de saúde.
Mariana Silva – Quais são os principais benefícios com a liberação da telemedicina?
Marcio Mantovani – Acho que a telemedicina é o maior avanço do mercado de saúde brasileira. Existia uma grande dificuldade de se compreender a real necessidade disso e a pandemia permitiu que se escancarasse o quão grande o Brasil é, o quão grande é essa iniciativa e o quanto ela é importante para a disseminação de saúde pelo país. A pessoa está lá no Norte, numa cidade distante e não consegue falar com um médico ou está em uma grande cidade como São Paulo e ele deixa de se deslocar 10, 12km para falar com um médico. Então a telemedicina é a grande disrupção, se é que podemos chamá-la assim, desse momento.
Mariana Silva – Para finalizar, você não acha que a telemedicina é uma ameaça aos médicos e clínicas? E como que o Clude pretende revolucionar a forma como as pessoas cuidam da saúde e qualidade de vida?
Marcio Mantovani – Sua pergunta é bem interessante. Primeiro, eu acho que a telemedicina ela veio para ajudar o médico, ela não veio para tirar nada do médico, pois ela veio empoderar o médico. […] Na medida em que o médico se especializar, que ele buscar, entender a tecnologia e usufruir dela, ele ganha mais do que perde. Porque se você pensar que hoje grande parte dos médicos estão em consultórios vazios ou estão trabalhando para uma grande clínica para ter uma remuneração muito baixa, a telemedicina vem para liberar o médico. Então eu vejo o contrário. Vejo que a telemedicina e a tecnologia vieram para permitir que o médico seja o elo da cadeia mais forte, porque no final, ele é o grande cara dessa história toda.
O grande sonho do Clude é permitir que as pessoas vivam mais e melhor, e esse é o nosso sonho. Nós desenhamos todo um programa que depende bastante do engajamento desse cliente na plataforma e criamos esses 12 programas onde eles são todos interligados com muita inteligência artificial, e eu creio que se o cliente estiver disposto a participar desse programa de maneira intensa, se dedicando, importando seus dados, fazendo todas as recomendações disponíveis, com toda a equipe disciplinar que o Clude tem, o sonho grande de permitir que ele viva mais e melhor vai estar concluído.
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