O isolamento social provocado pela pandemia da COVID-19 não trouxe danos irreparáveis apenas para a saúde física da população: nossa mente também sofreu as consequências da sensação constante de medo, insegurança, luto, tristeza e solidão. Com a tímida retomada econômica e social proporcionada pelo aumento da vacinação, muitas pessoas estão sentindo a chamada “ansiedade social pós-pandemia”.
Um estudo publicado recentemente na Revista Científica Núcleo do Conhecimento analisou os efeitos psicológicos do isolamento social no Brasil durante a pandemia da COVID-19. De acordo com a pesquisa, o distanciamento físico reduziu a disponibilidade de muitos apoios familiares, sociais e psiquiátricos. O confinamento em casa, a interrupção da rotina diária e o distanciamento físico podem agravar todas essas condições e representar um desafio para os usuários e cuidadores dos serviços.
Os distúrbios psicológicos mais comuns nesse período de isolamento são a ansiedade, a depressão, a ansiedade social e o transtorno de estresse pós-traumático.
Existe uma diferença entre ansiedade e ansiedade social. É comum que a ansiedade se manifeste em diversas situações da vida, principalmente antes de momentos importantes e decisivos ou em situações novas e desafiadoras. Mas quando esse comportamento passa a ser uma constante e ocorre sem um motivo aparente, pode ser sinal de ansiedade generalizada, fenômeno que requer acompanhamento psicológico, psiquiátrico, terapia e medicação para que os sintomas sejam amenizados.
A ansiedade social é o medo ou receio de estar em ambientes em que a interação social é necessária, e podem variar desde coisas rotineiras como idas ao mercado até situações mais desafiadoras, como reuniões sociais com um maior número de pessoas. O termo ainda é novo e os estudos são recentes, mas os sintomas geralmente englobam medo de socializar, ansiedade para realizar tarefas simples fora de casa, fobia de lugares movimentados e receio até de se relacionar presencialmente com pessoas próximas.
Sentimentos e emoções não tão agradáveis são normais do ser humano e devem ser sentidos, não evitados. “Somos humanos e não máquinas. Com a pandemia nós acompanhamos nossa dor e a dor dos outros, sentimos medo por diversos fatores. O que não é saudável é sentir todos esses sintomas e não ouvir os sinais do seu corpo dizendo que alguma coisa não está bem”, alerta Linda Vieira, psicóloga do Clude.
Como o isolamento afetou nossa sociabilidade?
“O convívio diário com as pessoas deixou de existir, seja na escola, no trabalho ou na sociedade em geral. De uma hora para outra nos sentimos sozinhos com essa nova rotina e tivemos que nos adaptar a ela. Isso se mantém até hoje: perdemos o contato íntimo, o abraço, o beijo, o aperto de mão. Tivemos que lidar com a nossa solidão, e retomar essas relações pode ser muito trabalhoso para algumas pessoas”, comenta Linda Vieira, psicóloga do Clude. “Acho que ainda vai levar um tempo para nos sentirmos confortáveis de estarmos ao lado das pessoas, de compartilhar proximidade, cumprimentar e abraçar as pessoas nos ambientes. E é natural que demore”, completa.
Quais são os sinais?
Ainda segundo a pesquisa publicada na Revista Científica Núcleo do Conhecimento, o nervosismo e a ansiedade em uma sociedade afetam a todos em grande medida. Evidências recentes sugerem que as pessoas que são mantidas em isolamento e quarentena experimentam níveis significativos de ansiedade, raiva, confusão e estresse (BROOKS et al., 2020). Em geral, todos os estudos que examinaram os distúrbios psicológicos durante a pandemia COVID-19 relataram que os indivíduos afetados apresentam vários sintomas de trauma mental, como sofrimento emocional, depressão, estresse, alterações de humor, irritabilidade, insônia, déficit de atenção, transtorno de hiperatividade, estresse pós-traumático e raiva (RUBIN et al., 2020).
Como se preparar para o retorno?
É preciso respeitar o próprio tempo, mas isso não é ficar estagnado. É preciso procurar ajuda e seguir o próprio ritmo, evitar comparações com outras pessoas e autocobrança. Manter a tranquilidade em casa é o exercício de internalizar que, apesar de estarmos em um momento delicado e incerto, é preciso calma. Podemos começar devagar e aos poucos, sem forçar situações ou sobrecarregar o corpo e a mente. Exercite estar com sua família e amigos em encontros mais curtos, espaçados e em ambientes externos menos movimentados. Coloque limites de tempo, busque distrações e procure sair algumas vezes sozinho para se acostumar com a rotina fora de casa.
Um fato muito importante é que pessoas com problemas de saúde mental pré-existentes precisam de apoio extra durante o retorno. Se você, algum familiar ou amigo está em tratamento, não interrompa. Veja com os profissionais que te atendem a melhor forma de manejo nesse momento. Temos que agir de forma preventiva no que tange nossa saúde mental.
Cuidado também com o tempo de exposição às informações. O ideal é escolher um ou dois telejornais com mais credibilidade, que sejam mais confiáveis. O momento é novo e algumas informações incertas podem gerar muita insegurança e medo. Não passe o dia todo nas redes sociais, pois o turbilhão de informações atrapalha. Tente assistir um filme inteiro sem consultar seu celular, fazer atividades ao ar livre, conversar com amigos e ter tempo livre. Nossa mente precisa descansar.
Acompanhamento psicológico
A aquisição de novos hábitos e comportamentos, como lavar as mãos com frequência, usar máscara, manter distanciamento físico, dieta balanceada e exercícios físicos para melhorar a imunidade, conversar com amigos e familiares, sobre suas preocupações sem se julgar fraco e buscar passatempos agradáveis, certamente, são atitudes que irão colaborar bastante para manter uma boa saúde mental.
O suporte emocional é fundamental. Na vida, sempre temos pessoas para conversar e nos orientar diante de qualquer dificuldade, porque não buscar ajuda de um profissional? Para amenizar os sintomas e oferecer mais segurança àqueles que sofrem com ansiedade social, recomenda-se acompanhamento psicológico e ou psiquiátrico constante.
Como amenizar os sintomas?
- Não resuma seus dias a notícias sobre a doença
Evite, na medida do possível, ler ou ouvir notícias que te causem ansiedade
- Ouça e fale
Escute os problemas das pessoas com solidariedade e empatia, pois cada um lida com esse momento de diferentes maneiras.
- Mantenha a rotina
Sempre que possível, mantenha a sua rotina e a das crianças também. Separe momentos para tarefas, brincadeira e relaxamento.
Opte por passar esse período priorizando uma dieta balanceada, sono regular, exercícios físicos ou mentais (como meditação).
- Se atente aos exageros
Evite o consumo de álcool, cigarro e outras drogas para aliviar o estresse.
- Mantenha as crianças por perto
Caso seja seguro, mantenha as crianças próximas a você e evite se separar delas. Converse frequentemente com eles, explique a situação de maneira clara de acordo com a idade da criança, isso poderá diminuir a ansiedade dos pequenos.
Com o Clude fica mais fácil lidar com esses sintomas, veja as vantagens;
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