A quarentena motivada pelo novo Coronavírus trouxe à tona inúmeros desafios. Por ser uma situação nova, inesperada e em proporções globais, causa muito estranhamento e quebra de rotina. A falta de convívio com outras pessoas, de vida social e atividades físicas, por exemplo, acarreta sinais que às vezes passam despercebidos, mas que merecem atenção e cuidado. Aprenda a identificar os sintomas mais comuns e como amenizar seus efeitos no corpo e na mente!
O que pode estar acontecendo?
“Nós, seres humanos, temos a necessidade de compreender tudo o que acontece, o que nos dá uma falsa ilusão de controle”, explica Lindaura Vieira, psicóloga do Clude. “Por isso, quando somos pegos de surpresa e não temos tempo para processar os acontecimentos, é natural que as emoções saiam do controle”, continua.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), os casos de depressão na quarentena praticamente dobraram entre os entrevistados, enquanto as ocorrências de ansiedade e estresse tiveram um aumento de 80% nesse período. O estudo ainda constatou que as mulheres são mais propensas do que os homens a sofrer com estresse e ansiedade durante o isolamento forçado.
Os fatores de risco mais comuns apresentados são: alimentação desregrada, doenças preexistentes, ausência de acompanhamento psicológico, sedentarismo e a necessidade de sair de casa para trabalhar. Já para depressão, as principais causas são idade mais avançada, ausência de crianças em casa, baixo nível de escolaridade e a presença de idosos no ambiente doméstico.
Longos períodos de isolamento podem afetar a saúde mental e aflorar emoções, traumas, compulsões e angústias. O sintoma mais claro na quarentena, de acordo com a psicóloga Lindaura Vieira, é o medo e, com ele, aparecem traços de ansiedade, agitação, estado de alerta, pensamentos obsessivos, dificuldade para realizar tarefas diárias, irregularidade no sono, falta de concentração e disfunção alimentar.
O agravante desses sintomas pode aparecer no abuso de álcool, drogas e aumento nos casos de violência doméstica. Segundo estudo feito pela Abead (Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas), as vendas de distribuidoras brasileiras aumentaram em 38% na quarentena, enquanto nos mercados houve um crescimento de 27%.
Outros ciclos podem ser afetados por estresse e ansiedade, como é o caso da menstruação. “Mulheres que estejam experienciando esses sentimentos podem ter suas ovulações alteradas, interferindo na regularidade do ciclo menstrual. O ciclo circadiano, nome dado ao ciclo de regulação do nosso corpo em 24 horas, também pode ser afetado pelo estresse acabar levando à insônia”, completa Drª Laura Gusman, médica do Clude.
Práticas saudáveis
- Manter a rotina
- Alimentação saudável
- Exercícios físicos
- Meditação
“Não podemos eliminar totalmente o estresse, mas é possível aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida”, explica Lindaura. É preciso respeitar o próprio tempo e limite, ter uma dieta saudável, praticar atividade física regular e buscar coisas que tragam benefícios como leitura, meditação e relaxamento. “Para quem já praticava exercícios, recomenda-se usar a criatividade na prática dentro de casa, mas sempre com cautela”, complementa Drª Laura Gusman. “Mas, se ainda assim esses sentimentos aparecerem, a opção de terapia online vem funcionando muito bem e pode fazer enorme diferença nesse processo”, completa.