Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), o Brasil é um dos países mais ansiosos do mundo e o segundo maior das Américas em questão de depressão.
Para conscientizar a população sobre os cuidados referente à saúde mental e emocional, foi criada a campanha Janeiro Branco para reforçar a atenção e a importância das orientações sobre o bem-estar emocional e mental, que vão além de ter algum tipo de transtorno.
Como surgiu o Janeiro Branco?
A campanha foi criada por um grupo de psicólogos em 2014 em Uberlândia, Minas Gerais. Ela faz referência às comemorações de final de ano, onde as pessoas costumam analisar como foi seu ano para começar o planejamento de um novo ciclo. Assim, o mês de janeiro foi escolhido por ser o primeiro, onde há mais receptividade de novas ideias e hábitos, além de ser um momento para compreender e refletir sobre as suas próprias emoções e sentimentos.
De acordo com os idealizadores da campanha, o mês reflete à uma página em branco, proporcionando a cada um uma reflexão e alinhamentos dos próprios objetivos, além de mostrar mais atenção e cuidado com a própria saúde.
Saúde mental: estado de alerta e cuidados
Quando se fala sobre saúde mental, é muito comum que as pessoas relacionam à doenças e transtornos mentais, porém, é muito além disso. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde mental se define como um estado de bem-estar, onde a pessoa é capaz de identificar as suas próprias habilidades, sabendo lidar com os desafios do cotidiano, além de trabalhar com produtividade e assim contribuindo no meio em que vive. Sendo assim, ela está diretamente ligada a como o indivíduo reage às exigências da vida, sabendo que todos possuem limites, emoções, desejos e também ambições.
Compreender sobre a saúde mental abrange, principalmente, falar sobre a promoção de saúde como um conjunto, focando em sua subjetividade, nas emoções, sentimentos e também observando seu próprio desenvolvimento, espiritualidade, relacionamos e profissão. Ou seja, como nós lidamos com a vida como um todo.
A saúde mental representa mais de ⅓ da incapacidade total do mundo, onde os transtornos depressivos e ansiosos são as maiores causas. Segundo a Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), entre 35% e 50% das pessoas apresentam algum tipo de transtorno mental, sendo que em países de alta renda, o tratamento recebido é adequado, enquanto em países de baixa e média renda, o percentual aumenta para 76%, chegando a 85%.
Outro fator importante é que a saúde mental também reflete no desenvolvimento econômico, sendo a segunda causa de afastamento laboral, gerando estigma pessoal de incapacidade. A pandemia de COVID-19, por exemplo, fez com que os casos de depressão se multiplicassem no período de isolamento social e as ocorrências de crises de ansiedade e estresse aumentaram 80%, segundo pesquisas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Saúde mental na pandemia
A pandemia de COVID-19 trouxe um aumento de angústias, sofrimentos e outras reações psíquicas da população, especialmente para quem já possuía algum fator preexistente. Com o estado frequente de alerta, isolamento social, medo de ser acometido pela doença, incertezas e outras questões, afetaram gravemente o bem-estar e saúde psicológica, causando grande impacto na vida das pessoas.
Alguns aspectos influenciam no impacto psicossocial da população, onde sentimentos como solidão, irritabilidade, tristeza, ansiedade e depressão, tornaram-se mais presentes devido a essas instabilidades sociais, juntamente com o cenário pandêmico. De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz, estima-se que metade da população que é exposta à uma epidemia sofrerá com alguma manifestação psicopatológica, caso não haja nenhuma intervenção e cuidados específicos para amenizar e tratar os sintomas manifestados.
E com essa rápida mudança de rotina e de hábitos, houve também um desencadeamento de sintomas, como distúrbios no sono, obesidade, abuso de álcool, além de agravamento dos transtornos mentais.
Principais orientações
É fundamental buscar ajuda profissional para o processo de enfrentamento dos obstáculos e questões sobre saúde mental, priorizando os cuidados e bem-estar. Confira algumas recomendações para melhorar a sua qualidade de vida e também auxiliar no equilíbrio da sua saúde mental e emocional:
- Invista em atividade que ajudem na redução dos níveis de estresse e ansiedade, como meditação, yoga, leitura ou exercícios de respiração;
- Reconheça e acolha os seus próprios sentimentos, mesmo que eles sejam de medo ou receio sobre alguma situação, procurando o autoconhecimento e também entendendo de forma assertiva sobre o que você está sentindo no momento;
- Crie uma rede de apoio com pessoas que iriam te ajudar neste processo. Seja amigo, colegas ou familiares, é necessário manter ao seu redor pessoas positivas e que te auxiliem, sem julgamentos ou pressão;
- A ajuda profissional, seja de psiquiatra ou psicólogo, não é exclusiva para pessoas que possuem algum transtorno mental. Buscar um médico profissional irá ajudar nas questões de saúde mental e faz toda a diferença para cuidar e mantê-la bem;
- Hábitos saudáveis como praticar uma atividade física, dormir bem e ter uma alimentação mais regrada, são importantes para a nossa saúde física e interferem ativamente na saúde mental.
O acompanhamento de um psicólogo ou de um psiquiatra é fundamental para ajudar no bem-estar da sua saúde mental. De acordo com o seu histórico, as orientações médicas irão te proporcionar mais qualidade de vida, e você estará priorizando a sua saúde como um todo, pois com a mente sã todo o resto será afetado de forma positiva.
Cuidar da sua saúde mental precisa ser a sua prioridade, sendo que a mudança de hábitos e pensamentos precisam acontecer diariamente para você enxergar o que te faz bem ou não.